"Naquele tempo, Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu." (Mc 2, 13-14)
A multidão seguia Jesus. Homens, mulheres, crianças, jovens e velhos, todos seguiam aquele Homem não pela sua oratória tão privilegiada, ou por sua beleza tão significativa, mas o seguiam porque o coração daquelas pessoas batia de uma modo diferente ao vê-Lo falar. O dia ficava sem sentido quando eles estavam longe dEle. Algo na vida mudava quando eles O encontravam. Por este motivo não é exagero dizer que aquela multidão era compreensível existir. O homem tem sede sempre de alguém que lhes aponte o caminho certo, e na figura de Jesus eles contemplavam esta verdade tão bonita. Ele não só falava, mas antes de tudo vivia tudo que sua boca pronunciava. Uma intensidade de vida jamais vista.
Jesus passa pelo meio da multidão e avista Levi, muito tempo depois chamado Mateus, o cobrador de impostos. Com uma palavra simples e direta o Senhor comunica uma palavra transformadora na vida de Levi: " Segue-me!" Que apoio, pergunto eu, poderia ter aquele homem ao ouvir algo tão profundo? Que reação poderia ter aquele homem diante do chamado de uma Judeu como aquele? Poderia ele pensar em todos os seus crimes, na traição ao seu povo, visto que trabalhava para o Império Romano que oprimia os israelitas, ou até mesmo na situação tão confortável que tinha, sendo um homem de muitas posses? O apoio daquele homem estava na palavra e na pessoa de Cristo. Somente uma pessoa apoiada na promessa e na palavra de Deus pode ter a coragem de dizer "sim, eu vou!". São Marcos diz que ele ao ouvir as palavras de Cristo, deixou a coletoria e os seus amigos e seguiu Jesus. Não sabia para onde ia, mas tinha uma promessa. Uma positividade de vida que o fazia crer, uma palavra lançada e aceita, acolhida e experimentada. Assim nasce a vocação, minha cara. A gente não escolhe para onde vai, Ele nos escolhe. Com todos os Apóstolos foi assim. Foi assim com todos os santos. Agarrados por Cristo disseram uma palavra positiva ao chamado, mesmo hesitando, encontraram em Deus a razão para dizer sim. É só apoiados numa promessa que nós caminhamos. É só olhando para Cristo que a gente entende para que fomos criados. Fora dEle, fora da sua vontade, o abismo do nosso egoísmo, da nossa presunção, da nossa auto suficiência é automaticamente ativado e a gente caminha tateando um caminho que teria sido conduzido por olhos tão atentos se nós O escolhêssemos seguir.
Levi não ficou preocupado naquilo que as pessoas falariam dele, muito menos no choque que seria a sua entrada no grupo dos 11. Ele ouviu e seguiu. Os ouvidos que Deus nos concede tem essa finalidade: escutar. Escutar e acolher. Não ficar preocupado só em falar, mas acolher, escolher, decidir a vida. É preciso investir tudo no caminho que Deus nos reservou. Assim como o homem que coloca todas as suas ações na bolsa, confiante de que seu dinheiro possa aumentar. Assim também é na vida espiritual é preciso investir, investir a vida, investir todo o ser no propósito para o qual Deus nos chama, seja ele qual for. Entregar-se ao projeto de Deus, escolher a Deus e não as suas obras, nos diz o Cardeal Van Thuan. É preciso tomar uma decisão, e essa decisão ninguém pode tomar por nós. As pessoas torcem por nós, esperam muitas coisas de nós, mas a decisão é nosso. Um antigo canto do Pe. Zezinho nos diz:"Se ouvires a voz de Deus, chamando sem cessar. Se ouvires a voz do mundo,querendo te enganar. A decisão é tua, a decisão é tua. São muitos os convidados, quase ninguém tem tempo" É isto mesmo, a beleza da vocação. Deus nos chama, a gente responde sim ou não, cabe só a nós responder.
Levi escolheu seguir, e ele nos ensina algo importante: se quisermos ter a vida transformada por Ele, precisamos ir ao seu encontro. Ele vem primeiro ao nosso encontro, e nós decidimos se queremos estar diante dEle ou não. Creio que se dissermos sim teremos a verdadeira felicidade. Se não escolhermos segui-Lo continuaremos dando com a cabeça na parede e ainda daremos murro em ponta de faca. Tenhamos a coragem de escolher, não é tarefa fácil, mas quem disse que ser cristão é fácil? Se fosse fácil não teria sabor, não teria graça, tudo que vem fácil vai fácil, porque só se dar valor de verdade quando se conquista.
Sigamos a Ele com coragem a exemplo de Levi, deixemos que Cristo exerça sobre nós o seu fascínio. Deste modo, a nossa afeição a Ele será tão grande que será impossível responder negativamente ao seu chamado de amor.
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