quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

72ª Catequese

"Gentilíssima rainha, para vós eis-me voltado: meu coração lacerado,concedei remediar.
Para vós eis-me voltado, criatura desgraçada, e toda ajuda privado: a vossa me foi deixada; se me fosse recusada, fora assim me condenar.
Meu coração lacerado, Senhora, nem sei dizer, tal agora é seu estado, que começa a apodrecer: não tardeis a interceder desejando-me ajudar.
Senhora, tamanha dor é por demais perigosa; o mal cada vez maior, a natureza manhosa: que vos mostreis caridosa desejando-me curar.
Nada em troca vos darei, a tão pouco reduzido; um instrumento serei, vosso servo desvalido; senhora, o preço é cabido: tivestes de me aleitar.
Senhora, por todo o amor que me teve vosso filho, não havereis de vos opor a prestar-me vosso auxílio socorrei, perfume, lírio, vinde, e sem vos demorar”.
“Filho, pois que me buscaste, meu júbilo podes ver; minha ajuda suplicaste, hei por bem de te atender; é preciso padecer, a cura vou ministrar.
Vou conceder tua cura: primeiro faze a dieta: os sentidos enclausura, à carne ferida e infecta algum novo dano veta, a fim de não piorar.
Bebe então desse oximel: o medo que tens da morte;
menino ainda ou incréu, não se atrasa a tua sorte;
que a vaidade não te importe, junto a ti não vá reinar.
E bebe dessa poção: o medo que tens do inferno; pensa naquela prisão: para todo o sempiterno: a chaga no corpo enfermo farás então supurar.
Diante do confessor o veneno todo expurga, é seu ofício e valor, de teus pecados te purga; caso o Inimigo ressurja, não tenha o que te apontar”. (Jacopone da Todi)

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