terça-feira, 28 de setembro de 2010

COR AD COR LOQUITUR



"COR AD COR LOQUITUR"(O coração fala ao coração)Inspirado pelo lema do Beato John Henry Newmam, gostaria de propor uma reflexão sobre tal pensamento que nos coloca no centro da relação entre dois indivíduos.
O coração fala, mas não fala com palavras e sim com atitudes concretas que nos permite enchergar a beleza do amor verdadeiro. Fala por si só o coração que bate no compasso acelerado dos apaixonados. Fala por si só o coração inebriado de amor pela amizade entre dois indivíduos. Fala por si só o coração que se volta para Quem o criou.
No drama de nossa existência, encontramos Alguém que se apresenta a nós e nos revela o seu coração. Dá, por assim dizer, o próprio coração a nós e esse coração "grita de amor". O Verbo feito carne entra na história humana, e une o seu coração divino com o coração da criatura, tal evento extraordinário jamis poderíamos imaginar. O Absoluto inclina o seu coração até nós e partilha da angústia que somente o coração humano é capaz de sentir. Sente na pele a dor da rejeição, o desprezo dos seus e a angústia suprema da morte que engole a humanidade limitada. Partilha o seu coração com o nosso coração e vivencia a condição humana em todas as suas facetas, menos a pior delas que é o pecado. Este coração grita! Mas o que grita mesmo é o sinal do amor por nós. Do alto da cruz nos olha um Homem aparentemente fracassado, abandonado e angustiado, sofredor e paciente da brutalidade humana. Do alto da cruz o coração manso e humilde se derrama de amor e comunica o cerne de sua missão: " Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância." (Joao 10, 10) O amor é seu objeto e como diz São Bernardo de Claraval, " a recompensa do amor é o ato de amar, pois só não quer mais nada a não ser amar." Ama porque ama, ama para amar. Somente recebendo este dom que vem do seu amor infinito, temos capacidade para retribuirmos tal amor.
O Papa Bento disse certa vez que,"...o ser humano vive porque é amado e pode amar; e se até no espaço da morte penetrou o amor, então também lá chegou a vida. Na hora da extrema solidão nunca estaremos sozinhos"
Chegou até nós o amor de Deus,tornou-se palpável o contato pessoal com este amor, e por ele amamos os demais.
O coração de Cristo fala ao nosso coração e Ele espera que o nosso coração se dirija a Ele com sinceridade. Não sejamos falsos, não usemos máscaras, não nos escondamos. O tempo da mentira já passou, agora a verdade que se impõe por si mesma nos coloca no trilho da honestidade conosco e com os outros: não tenho medo, pois comigo caminha Aquele que se dignou a assumir a minha humanidade decaída e desejou ardentemente ser meu amigo, meu companheiro de viajem, meu Deus e meu Senhor.
Que o coração de Cristo continue nos falando, e que o nosso coração esteja atento a sua voz.
Assim seja!

Ass: Sem. Rafael Viana Lima
II ano de Filosofia do Seminário São José - RJ

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