sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mês de orações pelas vocações ( Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro)



Iniciamos o mês de agosto, que na Igreja no Brasil é temático, propício para refletirmos acerca das vocações específicas em toda a riqueza da vida da Igreja Católica, mãe e mestra, que nos conduz na via deste mundo rumo à cidade do Céu.

A Constituição Dogmática “Lumen Gentium” do Concílio Ecumênico Vaticano II recorda em seu número 5 o chamado, portanto, a vocação universal à santidade; pela graça do Batismo, quando somos incorporados na Igreja, recebemos as virtudes teologais da fé, esperança e caridade e somos constituídos o novo Povo de Deus, ou seja, Povo de Sacerdotes, Profetas e Reis. Na Igreja existem duas condições pessoais dentro das quais pode-se responder à vocação: a condição clerical e a condição laical, dentro dessas duas condições. Pode-se, também, viver o estado religioso, que é o daqueles que professam os Conselhos Evangélicos de pobreza, castidade e obediência.

O Documento de Aparecida, fruto da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, trata de modo específico das duas condições, especificando o modo de viver a vocação de Discipulos-Missionários em cada um dos três graus do sacramento da ordem, na condição laical e no estado religioso.

O Documento de Aparecida possui uma página de ouro no capítulo quinto dedicado à comunhão, onde afirma que na Igreja todos somos discípulos missionários. Tanto o Bispo como o presbítero, o diácono, o leigo, o consagrado e a consagrada, todos vamos no caminho do seguimento de Jesus Cristo.

Então, qual é a diferença? Aparecida o diz no subtítulo 5.3: “Discípulos missionários com vocações específicas”. Assim, o Bispo é missionário de Jesus, Sumo sacerdote; o presbítero, de Jesus Bom Pastor; o diácono de Jesus Servidor; os leigos e leigas, de Jesus Luz do Mundo; e os consagrados e consagradas, de Jesus Testemunho do Pai. Todos somos discípulos-missionários!

Neste primeiro domingo, a tradição nos encaminha para refletir e rezar pelas vocações sacerdotais. O Papa Bento XVI assim se expressou com relação aos presbíteros: “Os primeiros promotores do discipulado e da missão são aqueles que foram chamados “para estar com Jesus e ser enviados a pregar” (cf. Mc 3,14), ou seja, os sacerdotes. Eles devem receber de modo preferencial a atenção e o cuidado paterno dos seus Bispos, pois são os primeiros agentes de uma autêntica renovação da vida cristã no povo de Deus. A eles quero dirigir uma palavra de afeto paterno, desejando “que o Senhor seja parte da sua herança e do seu cálice” (cf. Sl 16,5). Se o sacerdote fizer de Deus o fundamento e o centro de sua vida, então experimentará a alegria e a fecundidade da sua vocação. O sacerdote deve ser antes de tudo um “homem de Deus” (1Tm 6,11); um homem que conhece a Deus “em primeira mão”, que cultiva uma profunda amizade pessoal com Jesus, que compartilha os “sentimentos de Jesus” (cf. Fl 2,5). Somente assim o sacerdote será capaz de levar Deus – o Deus encarnado em Jesus Cristo – aos homens e de ser representante do seu amor.

A comemoração, neste domingo, como dia de orações pelas vocações sacerdotais tem como raiz a proximidade da festa de São João Maria Vianney, o Cura d’Ars, celebrada no próximo dia 4 de agosto. Desde já, o meu abraço fraterno a todos os queridos Padres que levam com entusiasmo e coragem a bela e importante missão de servir ao povo de Deus com o sacrifício da própria vida, dedicando-se com carinho às pessoas nas suas mais diversas situações.

Devido à proximidade também do Dia dos Diáconos (10 de agosto – Dia de São Lourenço), também em alguns locais já se tem o costume de rezar também pela vocação diaconal, em especial contemplando a beleza e importância do Diaconato Permanente, que é uma realidade concreta em nossa Igreja. Através desses servidores, a Igreja está presente de maneira especial junto aos necessitados e excluídos, transmitindo o carinho de mãe. A Eles também as nossas orações.

Desejo que em todas as nossas Paróquias e Capelas, neste mês, se façam as orações pelas vocações e, em especial neste primeiro domingo, que o nosso povo valorize a beleza desse dom da vocação presbiteral e diaconal.

Durante este tempo iremos refletir e rezar por todas as vocações! Na riqueza de vocações na Igreja, leigos, Diáconos, Presbíteros, Bispos, consagrados, quero ressaltar que a maior, primeira e mais sublime vocação é à santidade. Sem a santidade de vida e de estado nossa pregação é nula. Refeitos por um compromisso de anunciar o Evangelho, na vida própria de cada um, busquemos sempre novas formas para viver e dar testemunho da santidade, iluminando nossa vida com a nossa palavra e o nosso exemplo.

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