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“Todos nós sentimos algumas vezes uma sensação assustadora de abandono, e o que mais nos assusta é precisamente isto, como quando somos crianças, temos medo de estar sozinhos no escuro e só a presença de uma pessoa que nos ama pode dar-nos segurança.” (Papa Bento XVI)
O nosso querido Papa Bento, com essas sábias palavras, nos oferece um grande dom para que possamos entender melhor o sentido mais profundo do medo que está presente em cada fagulha do viver humano.
Queremos refletir sobre este tema, calcados na Sagrada Escritura, especificamente no Evangelho de São João no cap. 20, 19-31, onde o Senhor Ressuscitado aparece aos Apóstolos e comunica a cada um deles a sua paz.
O Evangelho assim inicia-se: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
As portas estavam fechadas, diz o evangelista. Os discípulos se encontravam em meio ao medo que os encobria por inteiros, logo após a morte do Senhor. Naquele momento estavam todos perdidos, sem rumo e eram incapazes de encontrar coragem para saírem pelas ruas de Jerusalém. As portas estavam fechadas, mas acontece o episódio surpreendente: Cristo aparece aos doze, rompe as barreiras que separavam o contato com os seus. Também no hoje da nossa história, Cristo ultrapassa as barreiras que insistimos em levantar e nos presenteia com a alegria de sua Presença. Diante de Cristo, a “noite escura” de nossas vidas não tem mais o aspecto aterrorizante que existia quando sentíamos sozinhos, com Ele a escuridão se torna dia claro, pois Ele nos conduz com a sua mão poderosa e nos comunica a sua paz. Não estamos sós nas estradas da vida, o Caminheiro vai ao nosso lado e nos mostra por onde devemos seguir. Nossos medos, traumas e desapontamentos são aniquilados pela força da Presença daquEle que dá sentido a tudo na vida. Ele nos conduz, nos direciona, nos enche de alegria e nos permite cruzar o limiar de uma nova vida entrelaçados pela convicção de que Ele está conosco em todos os momentos de nossa existência.
“A paz esteja convosco.” O primeiro fruto da Ressurreição é a paz. Cristo comunica a sua paz aos seus discípulos e a partir dela, aqueles homens encontram a resposta para a continuação de sua missão. É a paz que dissipa as trevas da violência, que irradia a esperança de um novo amanhecer na certeza que o Verbo divino se fez homem por amor a nós e não nos deixa a mercê do inimigo. Seu auxilio é luz que ilumina as nossas trevas; sua palavra é vida que sustenta todo homem; sua presença é certeza de que nenhum medo é capaz de arrancar nossa tranqüilidade, pois no comando de tudo está o Senhor que venceu, vence e sempre vencerá. Com Ele não tememos; com Ele não nos acovardamos; com Ele somos pegos pela mão e somos conduzidos a felicidade eterna. Por isso a quem temeremos? A ninguém, pois Ele é nosso auxilio, libertação e refúgio.
Sem. Rafael Viana Lima
II ano de Filosofia do Seminário Arquidiocesano de São José
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