segunda-feira, 1 de novembro de 2010

INFIRMA NOSTRI CORPORIS, VIRTUTE FIRMANS PERPETI!




Accénde lumen sénsibus; (Acendei a luz nos sentidos;)

Infunde amórem córdibus,(insuflai o amor nos corações,)

Infírma nostri córporis (amparai na constante virtude)

Virtúte firmans pérpeti. (a nossa carne enfraquecida.)


Este antiquissimo hino da Igreja, no qual envocamos o Divino Espirito Santo, é um cântico de louvor que traz consigo uma gama de realidades profundas sobre a ação e o modo como o Espirito de Deus, agiu, age e sempre agirá na sua Igreja. Queremos refletir sobre a quarta parte do hino, que em particular, atriu minha atenção e fez com que desta parte, surgisse o nome do blog que podemos acessar todos os dias.
Inciemos portanto.
Accénde lumen sénsibus; (Acendei a luz nos sentidos;)
Iniciamos esta parte com um pedido profundo. Pedimos que Deus acenda em nós a sua luz nos nossos sentidos. É um pedido, sem dúvidas nenhuma, existencial. Nossos sentidos afetados pela pecado original, passou a ser desordenado. Queremos tudo, e no fim nunca estamos satisfeitos com o que temos. Procuramos a felicidade em realidades que não contém e nem são a felicidade. Nossos sentidos embaçados pelas trevas do nosso pecado procura a luz. Que luz? A luz que vem do alto. Cristo é essa luz que tanto prcuramos no decorrer de nossa vida. A simbologia do Rito da luz no Sabado Santo, sempre foi algo que fala por si só. O Círio Pascal, figura do Cristo luz do mundo, vencedor das trevas do pecado e da morte, entra na igreja e na Vigilia das vigilias revela o sentido dessa luz: Ele é a luz verdadeira, luz que dissipa nossos erros e como diz o cãntico, acende em nós a sua luz. Lux que redime o homem. Luz que vence as paixões. Luz que coloca no lugar aquilo que estava perdido.
Pedimos a luz, mas não somente a luz, pedimos outra coisa mais forte, pedimos que Ele insufle em nossos corações o seu amor. " Á nós descei divina luz, a nós descei divina luz, em nossas almas acendei o amor o amor de Jesus." Esse pedido ecoa na igreja em todos os cantos, em todas as orações e no coração do homem sedento de Deus. Derrama sobre nós o teu amor! Mas qual será esse amor? Ora, o amor que é capaz de se entregar até a morte. Então pedimos a morte. Pedimos ao Senhor que nos ensine a morrer a cada dia, pois o que é amar a não ser isso? Ter essa capacidade de se entregar e morrer a cada dia pelo amor dispensado. Amar é morrer. Morrer para si e viver para os outros. São Bernardo certa vez disse: " Amo porque amo. Amo para amar." O obejto do seu amor é o proprio ato de amar, pois nele esta contido a verdade, e se este amor é verdadeiro muda tudo, muda a vida e muda todas as coisas ao meu redor. O ato de amar faz-me melhor e faz com que os outros também sejam melhores. Porque amo? Porque antes eu fui amado por Alguém, que é a fonte do amor. Sem Ele não teria condições para fazer tal coisa extraordinária. Pedimos o amor e Ele nos concede a graça desejada. Apresenta-nos a cruz, fonte e origem do amor Trinitário, que é canal de graça infinita e que nos mostra o caminho do amor: serei crucificado mas amarei até o fim.
Chegamos então ao final das frases contidas nesta quarta parte do Veni Creator:
"Infírma nostri córporis (amparai na constante virtude)
Virtúte firmans pérpeti." (a nossa carne enfraquecida.)
Amparai, socorrei e sustentai em vossa graça a nossa carne enfraquecida. O que somos nós diante da grandeza de Deus? O que somos nós pobres e mendicantes do amor de Deus? O que somos nós? O salmista assim se expressa: " O que é o homem, para que dele te lembres E o filho do homem, que o visites? (Sl 8, 4)Esta é a pergunta pontual que fazemos. O que somos nós? Somos fracos, débeis, miseráveis, pecadores... Somos sim tudo isso, mas existe um acontecimento assustador nisso tudo: Deus nos fez dignos do seu amor. Aquilo que não poderíamos fazer por nós mesmos, Ele fez por nós. Percorreu o caminho que nos separava dEle; a distãncia parecia infinita, mas Ele quebrou a barreira do tempo e do espaço por nós. Aniquilou-se e nos fez dignos do seu amor. Verdade suprema de amor que preenche o nosso coração de uma gratidão imensa. Ele nos amou, Ele nos sustenta com a sua graça e nos dá a capacidade de sermos melhores. O pecado ainda existe, mas o desejo de ser melhor engole o desejo de auto-destruição. O cuidado de Deus por nós é a prova, o fato, o acontecimento
que modifica o nosso modo de julgar as coisas, e é a resposta para a nossas mais profundas inquietações. Perguntamos nós: Isto corresponde ao desejo do meu coração? Um pai de família no alvorecer do dia deve se fazer esta pergunta, e a reposta honesta sempre será: "Sim, sair de casa nesta hora para trabalhar corresponde ao desejo do meu coração, pois este ato revela o meu amor pela minha família que depende do meu trabalho para se sustentar." Assim como um jovem que estuda e procura ser um profissional futuramente, deve se fazer esta mesma pergunta: Corresponde, sair de casa cedo, enfrentar a condução, o trânsito das grandes cidades, ou a escacez das pequenas cidades, a fadiga do dia e o stresse do dia? Corresponde ao desejo da minha felicidade que passa por essas coisas? Se corresponde, ele acorda cedo e suporta tudo com amor, pois sabe que é deste modo que ele se preparará para um dia ser aquilo que deseja. A correspondência ao amor de Deus se mostra nas pequenas coisas que fazemos. Se somos fiéis no pouco, seremos um dia fiéis no muito. Se soubermos sofrer as augurias da vida, no final de tudo, seremos recompensados por nosso esforço. Corresponde aquilo que é verdadeiro? Porque então não aderir? Se aderimos a isto somos felizes.
Na sua graça infinita, Deus olha para nós e nos dá a oportunidade de sermos felizes. Ele nos sustenta, nos fortaleçe e nos conduz com sua mão poderosa; nossos pecados não maculam o seu amor, pelo contário, Ele com sua misericordia que não tem fim, nos oferece o seu amor e atende o nosso pedido de amparar-nos na constante virtude enquanto vivermos.
Que o Senhor nos ampare e nos permita sermos fiéis ao seu plano de amor. Seja a Virgem Santa, modelo e ícone do discípulo que é fiel ao seu Mestre em todos os momentos da vida.

Sem. Rafael Viana Lima
II ano de Filosofia do Seminário Arquidiocesano de São José - Rio de Janeiro

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